O dinheiro é nosso e esqueceram disso

Tudo que esperamos em troca de nossos votos é, basicamente, ver funcionar os sistemas públicos de ensino, segurança e saúde. Depositamos neles, nos nossos candidatos, a certeza de uma vida digna, o que é logicamente aceitável e justificado.

Deveríamos ter medo de ficarmos doentes, somente pelo que a doença representa, mas nunca por não encontrarmos suportes de auxílio do Estado e passarmos a viver na incerteza se teremos, ou não, um tratamento médico adequado, ouvindo sempre a mesma desculpa, que nos assombra: a falta de verba para a saúde pública.

Vivemos em uma organização social que, o “acertado” é o povo pagar os chamados impostos, para, a partir daí, os governantes aplicarem esse dinheiro nos serviços à sociedade, suprindo as necessidades básicas, colocando em prática assim, as políticas públicas.

Falemos do Sistema Único de Saúde, o SUS, instituído pela Constituição de 1988, que objetiva “democratizar as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e riscos à saúde”
[1].Vale ressaltar que a Emenda Constitucional 29 (EC 29), que define a destinação de 30% do orçamento da Seguridade Social[2] para custear os investimentos na saúde pública, ainda não foi regulamentada por lei.
O percentual equivale, nos dias de hoje, a R$ 70 bilhões, o que não é muito, para atender pessoas de um Brasil que ocupa o 70º lugar entre os países que investem em saúde pública.

Ou seja, trocando em miúdos, o SUS é um serviço que deve ser posto em prática pelos Governos federal, estadual e municipal, nos dando o acesso ao tratamento médico de qualidade, utilizando o dinheiro dos impostos, pagos por nós.Porém, o mínimo que precisa para que esse sistema de saúde pública, conquistado pelo povo, seja efetivado com a eficácia que merece, simplesmente não foi aprovado pelo Congresso Nacional.

Os governantes não estão cumprindo o “acerto” firmado com os cidadãos. Ficamos nós pagando impostos, nos sentindo responsáveis e pressionados a cumprir nossa parte, enquanto que o outro lado não está preocupado em fazer a sua.Não estão priorizando a saúde da população. Como se fosse birra, para não expressar o lado mais podre, batem o pé e não liberam os recursos adicionais que ajudariam, substancialmente, a melhorar a realidade caótica vivida nos hospitais públicos.

O nome existe: saúde pública, um dos produtos do “acerto” firmado com os governantes.Não quero tratar aqui a saúde pública como um produto e sim como um direito, já estabelecido pela Constituição. Tudo o que é público significa dizer que o serviço estará à disposição do cidadão, sem meias palavras, sem promessas, sem apertos e humilhações.

Sim, humilhações.O que seriam aquelas filas gigantescas, formadas em frente aos postos de saúde e hospitais públicos, que começam antes mesmo de terminar o dia, para garantir o que é nosso por direito, que não uma humilhação?

Para tapar essas e outras falhas, surge a saúde suplementar. Um nome bonito que deram para os planos de saúde, que cobram caro e não cobrem o mesmo tanto das despesas médicas e hospitalares dos seus clientes. Clientes esses que fazem parte de uma parcela de 40 milhões de pessoas que podem pagar um serviço médico de qualidade, embora enfrentem problemas. O contrário de 140 milhões que são dependentes do SUS.

Um absurdo. Não querem liberar o nosso próprio dinheiro.Temos que pagar duplamente pela irresponsabilidade e descaso do Congresso Nacional: pagar para os cofres públicos, através dos impostos, e para os planos de saúde, para termos a certeza que vamos ter tratamento médico.Não estamos pedindo uma caridade! Por favor, avisem aos deputados e senadores que estão contra a regulamentação da EC 29, que a saúde é pública, e deve ser encarada como tal, acho que esqueceram.

[1] http://www.sespa.pa.gov.br/Sus/sus/sus_oquee.htm
[2] LEI Nº 8.212. Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.

Comentários

Camila disse…
essa menina escreve toda metida! rs! bezinho ni fau ixi mô deuso!!!! mmmmmmmmmmmmmmmm! ;*
Anônimo disse…
Esse artigo é nota dez, literalmente dez!! Parabéns, meu bem!!
Anônimo disse…
uhuuuuuuuuuu
sua subversivaaa

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