Antíteses




Pequeno com atitude de grande. Franzino, mas com olhar forte, robusto, provocante. Marquinhos, menino de seis anos, é filho da "moça que cuida do banheiro", como ele mesmo informa, quando pergunto-lhe quem é a sua mãe. Afinal, estranhei ao vê-lo sozinho, naquele lugar tão movimentado. Um formigueiro, onde marchavam milhares de velas acesas, em direção ao monumento que retratava, em tamanho descomunal, o Padre Cícero. "Padim Padi Ciço", como a maioria ali se referia ao líder religioso que habitou Juazeiro do Norte, na quente e rica Ceará.

Marquinhos tinha uma função. Ficar por ali, a espera dos romeiros que, talvez, lhe dariam algumas moedas. Ou não. Tão pequeno e com a responsabilidade de garantir, nem que seja, em pouca quantidade, dinheiro que se transformaria, ao juntar-se com o que sua mãe contraísse no trabalho, no jantar dele e do seu irmão.

Marquinhos exibia uma expressão muito atraente. Atraente, principalmente, para a lente da minha máquina fotográfica. A força do seu olhar, a mesma lente denunciou. Hoje, observo as fotos, e a força e a maturidade precoce do menino pulam das imagens. Ficam ainda mais transparentes, quando encaro o seu olhar. Espelho dele mesmo.

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