O que não pode acabar
Depois de ter lido somente o prefácio de um livro que, com muita alegria, adquiri hoje, escrevo aqui com muita vontade de consegui expressar tudo que aflorou em mim na minha leitura. O livro é "Estilhaços" da magnífica Loreta Valadares, e o fantástico prefácio foi escrito por Haroldo Lima, homem que admiro muito. Os elogios que por enquanto faço (magnífica, fantástico) podem estar a beira do exagero, podem soar como banais, pois são feitos por todo mundo, mas juro que são sinceros, partem dentro da minha emoção e da minha razão. Tal admiração por essas figuras, Loreta e Haroldo, foram plantadas dentro de mim pouco a pouco, quem sabe até já absorvia as boas energias vindo deles no útero de minha mãe? Primeiro deixa eu apresentá-los para você: Loreta Valadares, mulher íntegra, fiel à sua ideologia comunista, aos seus companheiros de luta contra o horror do autoritarismo, da crueldade e injustiça, fiel também às suas companheiras mulheres, semeadora da esperança de dias melhores no futuro, contra o desânimo e a fraqueza, mesmo cansada e que faleceu há pouco tempo. Até antes de ir, nos deixa mais uma de tantas mensagens que espalhou durante a vida: "Quando eu me for (se eu me for), vão até onde eu não fui". Haroldo Lima, homem nobre, feito de garra, sabedoria, ternura e companheirismo. Ambos do querido PC do B. Agora me perguntem com que experiência e com que capacidade eu falo de pessoas como essas? Nasci em 1985, quando a poeira já estava abaixando, a liberdade abria caminho, o diálogo já começava a ser descoberto e os direitos humanos começavam a ser respeitados. Pois então, como posso falar deles se eu não vivi nada do que eles viveram? Se eu não estive ao lado deles em tantos momentos decisivos? É, não sei como me atrevo... Mas eu, no meu singelo mundo, também tive pinceladas de momentos que a manifestação e a voz do povo estiveram presentes e os dois eram alguns dos protagonistas dessas histórias e eu lá sempre os observando, emocionada e feliz por estar alí com eles. Haroldo, com todo seu carinho, nos encontros que temos, segura a minha mão sem nenhuma pressa de soltá-las, muito menos eu. É uma honra poder trocar boas energias com ele, que bom seria se sabedoria viesse através de transmissões como essas! Se isso acontecesse Haroldo seria uma das minhas fontes. Desculpe leitor se às vezes pareço boba é que tenho a mania de escrever tudo que sinto, tudo que vem à cabeça. Quem me conhece sabe que tudo o que me preenche como pessoa a cada dia, vem dos ensinamentos de duas pessoas sagradas para mim, os meus pais. Não tenho dúvidas que eles são anjos, pois não podem ser comuns aquelas criaturas! Todo esse interesse e a ligação que tenho pela luta popular, todo o respeito que cultivo à pessoas como Haroldo e Loreta, por exemplo (já que eles foram os protagonistas do texto de hoje), são oriundos da história que meus pais construíram juntos e que permitiram a mim e a minha irmã participarem também. Agradeço a eles por isso. O sentimento de liberdade, de justiça, de solidariedade, de nunca omitir-se diante dos fatos, de sempre argumentar, de sempre participar e construir meus próprios pensamentos e nunca ser levada pela multidão, aprendi com eles que tudo isso deve ser preservado. Para mim, eles não existem como duas pessoas separadas e sim com um só corpo que irradiam luzes brilhantes, porém cada qual com seu calor, cada qual com sua mensagem e seu jeito de ser, mas sempre juntos e com mesma intensidade. Comecei falando de Loreta e Haroldo e terminei falando de Jane e Cesar. Me desculpem mais uma vez aos que leem esse meu desabafo, por não citar outros nomes que também caberiam nessa história de luta que conto, todos aparecem nas entrelinhas e Carlos Valadares aparece quando falo em Loreta. Pessoas que tenho a honra e a felicidade de conhecer e de encontrá-las eventualmente, encontros permeados de alegria e admiração. As conheço graças aos dois que me geraram (mais um presente que eles me deram). E sei que, quando essas pessoas me encontram, vêem em mim a luta dos dois, a história dos dois e gostam de mim por isso. Bom esse foi meu longo recado de hoje, uma história de luta pela liberdade que só destaquei personagens, mais que, uma outra vez as publico com detalhes. Colaborarei sempre para que elas não sejam esquecidas. Tenho medo do sentimento de liberdade e de transformação se tornarem lendas, de fazerem parte de livros de História do Brasil, quero que eles estejam vivos dentro dos mais jovens, em mim sempre estarão.
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