Um presente pra mim

Nesse dia que completo 26 primaveras (termo antigo, mas que eu adoro), ganho um presente tão bonito quanto a pessoa que me deu! Um poema, de meu amigo e poeta José Abbade.

AFLÁVEL

Na ausência de tranças

Menina ainda dança,

Pula e charpinha na poça?

Mulher, moça, criança

Quem dirá ao certo

O que, de perto, nem ela sabe?

E a ninguém cabe definir.

Pipoca, novena, tabuada ou lingerie

Rótulo não contempla o fundo

Ela, sozinha, ri do mundo

e suas cidades, obviedades

que muitos preferem eternizar

Atos comuns ensaiados

em roteiros já desgastados

pelas hordas do lugar comum.

Mas ela, sutil traquina

Propõe sua nova sina.

Holofote ou lamparina,

O importante é luz.

E, assim, conduz suas linhas

Escrita fina, porém marcante

Que tempo e traça não destrói.

A sóis, luas e ventos

Seu velejar leve, lento

Revela-se em riscos de mar.

Mostrando apenas a menina

Que a cada momento ensina

O que é viver. O que é sonhar.

Comentários

C. disse…
Lindíssimo poema!
Jane disse…
Poema, que te conto, traços marcantes definidos, e disse tudo, mas bem que daria um livro falar da minha filha, doce, meiga, distante e próxima ao mesmo tempo, Flavia. Não é um enigma porque ela se dá todo o tempo, e com muito carinho, e basta olhar nos seus olhos que a vemos. Abade você é poeta e sabe perceber a sensibilidade quando vê.
QUE LINDO DEPOIMENTO DA MAMÃE POETA! ADOREI!!!

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