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Mostrando postagens de agosto, 2010

Apenas (e basta!) Bahia

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Em Saubara - Ba A Benção, Bahia (Vinícius de Moraes e Toquinho) Olorô, Bahia Nós viemos pedir sua bênção, saravá! Hepa hê, meu guia Nós viemos dormir no colinho de lemanjá! Nanã Borokô fazer um Bulandê Efó, caruru e aluá Pimenta bastante pra fazer sofrer Bastante mulata para amar Fazer juntó Meu guia, hê Seu guia, hê Bahia! Saravá, senhora Nossa mãe foi-se embora pra sempre do Afojá A rainha agora É Oxum, é a mãe Menininha do Gantois Pedir à mãe Olga do Alakêto, hê Chamar Inhansã para dançar Xangô, rei Xangô, Kabueci-elê Meu pai! Oxalá, hepa babá! A bênção, mãe Senhora mãe Menina mãe Rainha! Olorô, Bahia Nós viemos pedir sua bênção, saravá! Hepa hê, meu guia Nós viemos dormir no colinho de lemanjá!

Felipe Mago e Zé da Mala em "Quando o teatro é verdade..."

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Felipe Mago e Zé da Mala. Um é trovão, o outro brisa. Mago chama as pessoas no ato, cara a cara, Zé da Mala envolve o público com a delicadeza e o encanto das palavras que pronuncia com tanta candura. Tão diferentes, trabalham juntos e falam a mesma língua: a do teatro de rua. As personalidades dos personagens parecem se confundir com as dos atores. Felipe é Felipe mesmo, 24 anos, firme na voz, olhar vibrante e muita lenha queimando dentro de si. Zé da Mala é Gabriel Bandarra, 21 anos, do tipo cavalheiro, cortês, tranqüilo no olhar e na voz . A dupla de amigos trabalha com o gênero de teatro mais antigo da história. Aliás, o teatro nasceu mesmo foi nas ruas, mas isso é outra história... Os dois se apresentam nos ônibus (geralmente as linhas que cortam Costa Azul e Ondina), largos, bares (principalmente no Rio Vermelho), faculdades, centros de cultura, pontos turísticos e onde mais precisar de arte em Salvador e adjacências. Felipe Mago, vestido de roupa imperial (o rei da inquietud...

Sentar e ver. Só ver.

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Antíteses

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Pequeno com atitude de grande. Franzino, mas com olhar forte, robusto, provocante. Marquinhos, menino de seis anos, é filho da "moça que cuida do banheiro", como ele mesmo informa, quando pergunto-lhe quem é a sua mãe. Afinal, estranhei ao vê-lo sozinho, naquele lugar tão movimentado. Um formigueiro, onde marchavam milhares de velas acesas, em direção ao monumento que retratava, em tamanho descomunal, o Padre Cícero. "Padim Padi Ciço", como a maioria ali se referia ao líder religioso que habitou Juazeiro do Norte, na quente e rica Ceará. Marquinhos tinha uma função. Ficar por ali, a espera dos romeiros que, talvez, lhe dariam algumas moedas. Ou não. Tão pequeno e com a responsabilidade de garantir, nem que seja, em pouca quantidade, dinheiro que se transformaria, ao juntar-se com o que sua mãe contraísse no trabalho, no jantar dele e do seu irmão. Marquinhos exibia uma expressão muito atraente. Atraente, principalmente, para a lente da minha máquina fotográfica. A f...

Fluxo de memória

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*Imagem: Heitor dos Prazeres. A casa era pequena, mas só fisicamente. A cada momento chegavam mais pessoas e, todos cabiam confortavelmente. Inexplicável. Era noite de música por lá e, mesmo sabendo disso, a festa me surpreendeu. Não esperava toda aquela movimentação. A casa é um bar alternativo, localizado em um dos bairros mais boêmios de Salvador: o Rio Vermelho. O nome? Casa da Mãe. Nada mais coerente do que Casa da Mãe para ser o nome daquele lugar tão pequeno, mas que, sem esforço algum, conseguia acolher todos que chegavam. Como coração de mãe. Sempre cabe mais um. Dividida em ambientes, a Casa da Mãe aposta na arquitetura e decoração simples. Sem luxo algum. Era noite de sarau. Artistas baianos, a maioria esquecida pela grande mídia, se encontravam ali, e, sem ensaio, cantavam e tocavam músicas aleatórias. Aleatórias, será? Tinha muita emoção nas vozes. Dor. Solidão. Tristeza. Beleza. Isso tudo aparecia no momento em que cantavam Dalva de Oliveira. "Ai ioiô, eu nasci pra ...

A gaita do amolador

Se tem um som que me lembra a infância, esse é o da gaita do amolador de tesouras. Pouco se ouve nos dias de hoje, mas, por sorte, nesse momento, ele invadiu a minha rua.

Arcanjo de sanfona nas mãos

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Luiz Manoel Arcanjo, 65 anos, é piauiense e chegou a Salvador em 1972. Ele, uma mala pequena onde estavam as coisas mais importantes da sua vida até aquele ano, a sua sanfona e o sonho de poder viver da música com mais amparo e possibilidades profissionais. Para o ex-lavrador, o palco mais acessível e democrático que encontrou foram os transportes coletivos urbanos e até hoje é neles que se apresenta todos os dias, faça chuva ou sol. Luiz, o sanfoneiro, tem uma particularidade a mais, é deficiente visual desde que nasceu, e isso, segundo ele, nunca o atrapalhou. É um senhor muito simpático, de bem com a vida e muito carismático. Hoje, transformou-se em um personagem dos ônibus da capital baiana. É Luiz, o ceguinho sanfoneiro. Morador do bairro de Sussuarana, periferia de Salvador, Luiz sai de sua casa, onde mora sozinho, e percorre toda a cidade, com a sanfona a tira a colo. “A capital já ficou pequena pra mim”, diz o músico. Mesmo não tendo a visão que precisa para ler o destino d...

No bar Toalha da Saudade...

O melhor é que nada era ensaiado. Quando menos esperasse podia encontrar os meninos dos Novos Baianos fazendo um show particular ou o sambista Riachão cantando os seus sambas, com seu jeito malandro. Como também, era provável acontecer de não encontrar ninguém fazendo música. Só a presença de Batatinha já era de bom tamanho. Todas as pessoas que freqüentavam aquele espaço, quase escondido no pacato, embora hoje marginalizado, bairro dos Aflitos, dizem que a energia era boa e a cerveja gelada. E mais uma unanimidade: todos descreveram a gentileza, a simplicidade e o jeito acolhedor daquele sambista, nascido e criado na Rua 3 de maio, no Pelourinho e portador de uma bela imaginação e criatividade.

Poesia cantada

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“(...) Quando eu vi Que o Largo dos Aflitos Não era bastante largo Pra caber minha aflição, Eu fui morar na Estação da Luz, Porque estava tudo escuro Dentro do meu coração.” ( trecho de Augusta, Angélica e Consolação , Tom Zé)