Como é difícil crescer. Como é difícil deixar que ele cresça. Como é difícil entender que ele, mesmo pequenininho, já tem seus perrengues, suas barreiras a serem vencidas. Como é difícil deixar que ele as vença sozinho. O mundo não pára. Ele está no mundo, como eu estou também. Se eu, inevitavelmente, passo por conflitos, por que ele não vai passar? O meu filho é do mundo, assim como eu. O meu filho é sociável, como eu. O meu filho existe além de mim. Tão difícil. Mas é tão bom. É tão bom! Muito bom vê-lo passar pelo tempo, saudável, feliz. Tão maravilhoso ouvir dele o que ele quer e o que ele não quer. Tão bom saber sobre ele, o que ele pensa, o que ele gosta, o que ele não gosta. Tão bom. Tão bom assistir ao seu despertar. Tão bom comemorar uma vitória que é dele, só dele. Porque conseguir abrir e fechar um pote de biscoito, meus amigos, diz muita coisa. E a principal é: eu sou capaz.
Penteio os cabelos para ver se o tempo passa. Para ver se me sinto diferente, ativa, diferente da pessoa que acordou às 6h da manhã. Antes dos tempos livres eu pensei... vou fazer muitas coisas interessantes. Terei tempo, terei uma casa em silêncio, terei inspiração. Vou ouvir os discos, na vitrola que agora funciona. Mas os discos estão arranhados, sujos e parados no tempo. Não dá.Terei tudo. Mas ainda procuro. Vem em minha cabeça, nas minhas memórias, na minha vontade sincera de fazer, de agir. Mas vou até um limite. Peguei um livro pra ler, logo nas primeiras horas do dia. Hoje será melhor. Hoje serei mais produtiva. Hoje não serei telespectadora, de filme bobo, de filme bom. Da globo, dos jornais locais, que na verdade não são diferentes. Todos iguais. Todos os dias. Agora escrevo, e tento não ler para não me bloquear. Ouço Caetano Veloso, o disco Transa dele que sempre me inspirou coisas diferentes, coisas criativas, coisas marginais, coisas extraterrestres do senso comum. Enfim....
Existem momentos que estamos vivendo a vida, numa rotina diária e surge uma onda forte que desalinha essa vida e nos coloca no espaço. Momentos que não acreditamos que são reais, por nos fazer tão felizes. A felicidade às vezes assusta. Momentos que ouvimos de alguém que "sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto, é realidade", e esse alguém nos chama para sonhar, nos convida para uma festa de sentimentos fortes, para uma festa de realidade, e nos faz crer que agora é uma nova realidade, pois iremos sonhar juntos. Palavras são fáceis de serem ditas, textos são fáceis de serem escritos. Homenagens são fáceis de serem feitas, elogios, carinhos e tal. Mas os sentimentos não são tão fáceis de lidar, principalmente os dos outros. Os sentimentos não devem ser manipulados. Não é para brincadeira, responsabilidade é fundamental. Aí chegam os outros momentos. Aqueles que nos trazem para o mundo real e nos colocam novamente na rotina diária do i...
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